Alice no País das Maravilhas e Através do Espelho e o que Alice encontrou lá!

“Elas deslizam ao longe, no entressonho,
Lentamente, sob um céu risonho…
Longe. A vida o que é, senão sonho?”
(Poema final de Através do Espelho e o que Alice encontrou lá)

Então… estou estreando aqui no Pupilas, antes de falar do livro em si, acho que devo me apresentar, me chamo Roger Willian Cabral, 29 anos, nerd, aspirante a músico, nerd, funcionário público, nerd, casado, nerd, administrador, nerd, cristão salvo pela graça de Deus e nerd (mas nem tanto quanto o pessoal desse site).

Gosto muito de cultura pop, geek, nerd, japonesa e é disso que irei falar aqui. Em um tempo remoto eu possui um blog (neeeem procurem, excluí faz tempo) onde fazia resenhas e críticas de todos os filmes que eu assistia. Agora, volto a fazer isso aqui no Pupilas em Brasas, mas não fiquem esperando os grandes lançamentos do cinema, não, não.  Eu prometi ao Leo que eu iria falar sobre tudo o que eu assisto, leio e jogo, e por isso não haverá uma frequência e nem uma ordem específica. Mas vamos lá… estreando aqui irei falar da decepção com Lewis Carrol e sua Alice.

 “Por que um corvo se parece com uma escrivaninha? – Tea Party em Alice no País das Maravilhas

Um breve resumo para a obra seria: Alice é uma menina que possui uma criatividade extrema (ou que usa psicotrópicos fortíssimos) e que vive “altas aventuras com uma turminha de amigos imaginários do barulho”. E se tivesse que definir Alice em uma palavra, a palavra seria NONSENSE.

Particularmente, gosto muito do nonsense em si, mas nas duas obras em questão,  o absurdo atinge níveis estrogonoficamente altos e a maluquice é de tamanho tal que nem mesmo nas mais criativas aulas de Teoria da Literatura que assisti durante minha breve jornada pelo curso de Letras, eu conseguiria imaginar.

Meu problema com as obras não foi a escrita ou o enredo (ou falta dele) mas o excesso do absurdo. Sim, isso é explicado. Sim, existem razões para isso. Não, não as considerei bastantes ou plausíveis.

Mas enfim, vamos a uma breve análise das duas obras.

“Alice ficou calada. Sentou-se com a cabeça entre as mãos, perguntando-se se alguma coisa jamais voltaria a ser normal outra vez” – A Quadrilha da Lagosta em Alice no País das Maravilhas

Com a leitura das duas obras, fica possível perceber que elas, de certa forma, se completam de maneiras equidistantes. Enquanto em País das Maravilhas temos o verão, o espaço aberto da campina, a autoridade descontrolada e o nonsense totalmente desvairado; em Através do Espelho passamos pelo inverno, o espaço fechado da sala, uma autoridade controlada e um nonsense mais lógico e/ou irônico.

Outra questão a ser observada é que em ambos os contos a confusão final é também divergente pois, se no primeiro temos uma confusão na qual Alice tem papel passivo, na outra Alice é a causadora.

Contudo, todavia, entretanto, nem só nas divergências é que as duas obras se comparam. A estruturação de ambas é muito similar. Em ambos os contos temos a entrada de Alice em um novo universo, a conversa inicial, a discussão, o desafio e dúvida, a busca de direção, o reencontro do desafio , o despertar e por fim, a explicação.

“Comece pelo começo – disse o Rei com ar muito grave – e continue até chegar ao fim: então pare.” – O Depoimento de Alice em Alice no País das Maravilhas

O que mais me chamou a atenção foram os jogos de palavras durante toda a história. Apesar de perceber que a tradução para o vernáculo fez com que algo ficasse perdido, ainda assim pude perceber que muita coisa ainda estava lá, e seria bem interessante (ou não) a leitura desta obra em uma edição comentada (talvez até mais produtiva). Outro fato positivo foi a forma como Lewis Carrol explica toda a origem das aventuras com base em coisas simples do cotidiano e como isso se transformou durante os sonhos da garota (sim, era tudo um sonho).

Enfim, para terminar esse primeiro artigo, tenho que dizer, ao contrário do que normalmente acontece, as adaptações desse clássico são melhores que a obra original (a menos que você seja da turma do monóculo) e que eu fiquei bem frustrado com sua leitura.

Uma boa nota para a obra seriam 5.5 cogumelos alucinógenos. Espero que tenha mais sorte com o jogo Madness Returns.

Leonardo Agrelos
Se acha um host, mas não sabe houstear. Se acha um podcaster, mas tem a linguá presa. Se acha um nerd, mas nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis. Se acha um escritor, mas sempre procura no Google como se escreve impeachment. Entre tantos achismos uma certeza, a de que tem que melhorar como pessoa para parecer menos com um babaca.
http://pupilasembrasas.com.br
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