Acredito que, pelo menos dentro do bom e velho 616 (Universo Marvel Padrão), o herói mais ligado à religião em geral é o Homem Sem Medo. Matthew Murdock, o advogado cego, que tem por alter-ego o Atrev… Quer dizer O Demolidor. Bom, começamos pelo fato do uniforme ser um cosplay de capeta (mesmo que no começo era da discreta cor amarela), passando pela mãe que o deixa para seu criado pelo pai, e entra para um convento, mãe essa que é parte integrante de algumas das histórias mais icónicas do Demolidor. Uma dessas é sem dúvida a que trago como destaque hoje, Diabo da Guarda de Kevin Smith.

Sendo o número 17 da coleção de Graphic Novels da Marvel, fiquei impressionado com a trama intrincada da história criada pelo controverso Kevin Smith, podcaster/diretor/roteirista e autor dos sucessos do meio nerd como O Balconista e Dogma. Ele se utiliza de diversos fatores clássicos do herói cego, como sua mãe, a ex-namorada e maior amor da vida Karen Page (e ponto focal de uma das maiores tragédias da vida do herói, mas isso fica pra outra crítica), a segunda maior candidata a parceira amorosa e Vingadora Viúva-Negra e seu melhor amigo Foggy Nelson.

A trama envolve a descoberta de uma criança que pode ser a encarnação do Anti-Cristo pelo herói, o que gera uma série de questionamentos Crença X Lógica. A história é cheia de reviravoltas e encontros marcantes entre os diversos personagens envolvidos, e gera diversas reflexões para o leitor que se coloca na pele de Matt.

Essa história me lembrou em diversos momentos de situações da nossa vida em que, ou nossa fé é posta a prova por fatores externos a nossa vontade, ou momentos em que nós mesmos questionamos a fé que temos… As decisões de Matt te levam a pensar nas suas decisões, que te levaram a manter sua fé, muitas vezes diferente do que era, mas você a mantem.

Diabo da Guarda figura entre umas das mais importantes e definitivas histórias do Demolidor, e recomendo a todos que queiram conhecer o personagem, bem como te levar ao questionamento sobre sua forma de acreditar.