[CINEMA | COM SPOILER] Star Wars Episódio VII: O Despertar da Força

Yes! Estamos de volta há “uma galáxia muito distante”! É possível que no universo de fanáticos e tarados por Star Wars exista aquele fã extremamente excêntrico que tenha algum motivo para reclamar do sétimo episódio do maior fenômeno do cinema mundial. No entanto, é hora de comemorar.

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O filme foi mais do que aceitável, foi na mosca! É eu sei, estou empolgado, mas quem não está? História e roteiro que respeita a trilogia original. Esta lá o mesmo sentimento de uma galáxia em conflito. Esta lá o mesmo sentimento de redescoberta da força. Também está lá o cenário de aventura, de oportunismo, de sorte, de azar, de desenvolvimento dos personagens em suas jornadas de vida. Estão lá os personagens da primeira trilogia em seus devidos lugares e crivelmente exibidos. Enfim, tem muita coisa lá. Mais do que é possível perceber em uma única vez.

Enquanto assistia eu pensava se teria vontade de ver o filme de novo. Estou no dia seguinte, algumas horas depois, pouco sono depois, e já quero ver novamente. Sei que tem mais coisa lá. Sei que têm referências que não captei ainda, easter eggs que não reparei e detalhes sobre os personagens que podem incrementar minhas expectativas para a continuação dessa nova história.

Sim! Mesmo tendo restaurado os velhos sentimentos e a nostalgia de viver Star Wars, a história é nova, os personagens são novos e há muita coisa nova. Parabéns pelo poder de sintetizar o novo com o antigo. Por renovar aquilo que queríamos que fosse renovado. Se alguém ainda tinha dúvidas quanto a diferença entre a primeira trilogia e a segunda, elas irão desaparecer com a terceira. Porque é possível ver uma certa homogenia entre a primeira trilogia com esta que acaba de começar. Isola-se assim, ainda mais, a trilogia mais recente de George Lucas, com aquilo que nos fez amar Star Wars.

| “Sei que tem mais coisa lá. Sei que tem referências que não captei ainda, easter eggs que não reparei e detalhes sobre os personagens que podem incrementar minhas expectativas para a continuação dessa nova história”.

Tecnicamente excelente, com certeza o melhor 3D que já assisti. Confesso que não gosto de filmes 3D e fiquei na expectativa de ser um fiasco por causa disto. Decidi assistir em 3D para dar a oportunidade de ser surpreendido com uma experiência nova em Star Wars. Não houve muito na contribuição do 3D, mas houve alguma bem percepitivel. Há momentos, que devido a qualidade do 3D é possível sentir a nítida sensação de que a tela se transformou numa janela dimensional tamanha profundidade do cenário inteiro.

Excelente direção, com referências claras ao antigo estilo de dirigir dos primeiros filmes, como usar transições e formas da mesma linguagem original. A música é perfeitamente impercepitivel quando precisa ser e perfeitamente invasiva quando se faz necessária, tanto como fagulha para emoção quanto para referências claras.

ÁREA DE SPOILER:

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Um salve para nosso camarada John Boyega cuja atuação foi essencial para a caracterização do novo personagem, Finn. Um ex-stormtrooper com sensibilidade e senso moral. Os novos personagens, que colocam de lado a velha guarda das Guerras nas Estrelas estão bem montados e interessantes. É verdade que Adam Driver não convence tanto, mas não chega a comprometer. Talvez a característica vacilante de seu personagem tenha resvalado na atuação também, mas realmente não estraga a brincadeira.

O filme é cheio de referências bem colocadas, clichês necessários e uma deliciosa extrapolação do universo Star Wars. Como por exemplo assistir a personagem de Daisy Ridley, Rey, fazendo uma refeição aos pés de um AT-AT caído no deserto. Ou brincar mais com as relações entre os antigos personagens e descobrir novas facetas desses relacionamentos. Na primeira vez que vemos esses personagens antigos, Han Solo, princesa Léia, Chewie e etc. Eles passaram na nossa frente como elementos de uma história, agora eles desfilam em nossa frente como quem é orbitados pela história. Tudo muito bem respeitosamente colocado.

Poe-Dameron-swtfaOutro novo personagem que surpreende é o piloto Poe Dameron (Oscar Isaac), atuação excelente e personagem cativante.  O que dizer da estonteante cena em quem sozinho e sem qualquer cortes na imagem ele costura o cenário em manobras com sua X-WING abatendo TIE-FIGHTERS como moscas. As naves, as roupas, as armas, tudo com fôlego novo, digno de uma história em evolução.

Han Solo, o que dizer? Só posso dizer uma coisa, até nessa cena, dura para os fãs J.J. Abrams foi gentil conosco. Preparou bem a cena antes de acontecer. Quando você vê o personagem de Kilo Ren caminhando por uma pontezinha esguia no meio de uma gigantesca estrutura (até hoje não descobri porque fazem pontes assim e sem corrimão no universo Star Wars, mas é do cenário da saga) você presente o mal. Quando Han começa a andar lentamente naquele ambiente, você começa a sofrer. Sabe que não tem como os dois saírem caminhando daquele lugar. Quando junta uma audiência para vislumbrar a cena que estamos vendo, com Chewie, Rey e Finn, você já sabe o que vai acontecer. E ai se lembra que Ford havia declarado em outros momentos que não tinha a menor vontade de fazer parte da nova trilogia inteira. Isso inclusive me fez pensar que ele teria um papel pequeno, talvez de passagem pela trama. Quando vi a trama girando em torno dele por um bom tempo cheguei a pensar que tinham convencido o senhor milionário a ganhar mais alguns milhões. Mas foi perfeito. A perda de um personagem tão carismático e o ponto final dele na cronologia de Star Wars foi digna e bem colocada. Nos pôs ainda mais na trama e confirmou o protagonismo dos novos personagens.

Ok, só estou falando bem e rasgando seda. Deixa então eu deixar uma crítica. Me incomodou profundamente a eliminação da República de maneira tão sumária, em tão poucos frames e com tão pouca repercussão na história. A República merecia mais. Ufa! Critiquei.

Último detalhe e que mais me  impressionou, foi a brincadeira que o roteiro faz em homenagem a trilogia original assim como uma formula que garante o sucesso desse filme ao repetir os mesmos elementos anteriores, só que não. A história é pautada em inversões com a trilogia original. Enquanto na trilogia original o vilão declara classicamente: “Eu sou seu pai”. Nessa trilogia a frase do vilão é: “Eu sou seu filho”. No original Luke está em busca, nesse Luke é quem é buscado. No original o vilão não vacila até o último minuto, neste o vilão vacila até o último minuto. No original o general inimigo está na mão do vilão, nesse ele é quem tem o vilão em suas mãos. O stormtrooper de armadura branca é revelado como um personagem negro logo no começo, uma cena que soa poética diante dessas inversões que me parecem propositadas. O Jedi dessa vez não é homem, mas mulher. Sacada muito legal.  E se Kilo Ren percorrer o mesmo caminho do Darth Vader, só que inverso?

Ficaram-se as dúvidas que incluem o novo mega-vilão do lado negro, Snoke, e as expectativas como Rey vai se dar com seu pai, Luke. Ah, detalhe, hora nenhuma o filme chega a afirmar que Kilo e Rey são primos, netos de Vader, ela filha de Luke, mas a gente sabe, e entende isso logo de cara. Um salve para quem sabe fazer cinema que respeita a inteligência a audiência.

FIM DA ÁREA DE SPOILER

Enfim, muito obrigado Disney por não destruir a franquia. Obrigado por nos respeitar e cuidar de nós criando uma história e um filme que claramente foi mirado no público de Star Wars sem perder sua capacidade de renovar o interesse de novas gerações. Tem a nossa autorização para ousar mais, ir além, extrapolar nossas expectativas mais conservadoras. Agradeço ao George Lucas por ter destruído a segunda trilogia e baixado todas nossas expectativas para esta que é finalmente a continuação honrosa daquela história que nos cativou em primeiro lugar. Por isso saímos do filme com sorrisos e a certeza animadora que continuaremos seguindo vivendo as aventuras dessa galáxia distante. A verdade é que ainda há uma Guerra nas estrelas!

Leonardo Agrelos
Se acha um host, mas não sabe houstear. Se acha um podcaster, mas tem a linguá presa. Se acha um nerd, mas nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis. Se acha um escritor, mas sempre procura no Google como se escreve impeachment. Entre tantos achismos uma certeza, a de que tem que melhorar como pessoa para parecer menos com um babaca.
http://pupilasembrasas.com.br
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