O Guia do Mochileiro das Galáxias – Volume 01

“A história de todas as grandes civilizações galácticas tende a atravessar três fases distintas e identificáveis – as da sobrevivência, da interrogação e da sofisticação, também conhecidas como as fases do como, do porquê e do onde.
Por exemplo, a primeira fase é caracterizada pela pergunta: Como vamos poder comer?
A segunda pela pergunta: Por que comemos?
E a terceira, pela pergunta: Onde vamos almoçar?”

Eu nem sei qual a razão de estar fazendo essa resenha sobre O Guia Do Mochileiro das Galáxias. Sério, ler esse livro é uma OBRIGAÇÃO. Eu diria mais, não ter lido esse livro denota mal caratismo. Sério, se você não leu, pare de ler o que eu escrevi e vá ler o livro. Eu te espero.

… E aí? Já leu? Então vamos lá!

O Guia Do Mochileiro das Galáxias é  o primeiro volume de uma trilogia de quatro livros que na verdade são cinco e que teve seu sexto volume publicado postumamente. E essa breve descrição já demonstra o nível de insanidade que acompanha a série. Classificada como ficção científica cômica, O Guia do Mochileiro é abundante em humor ácido e efervescente recheado de um tipo específico de nonsense que transborda da arte para a vida, ou da vida para a arte.

“As grandes espaçonaves pairavam imóveis no céu, sobre todas as nações da Terra. Pairavam imóveis, imensas, pesadas, completamente paradas no céu, uma blasfêmia contra a natureza. Muitas pessoas entraram em estado de choque quando suas mentes tentaram entender o que estavam vendo. As naves pairavam imóveis no céu da mesma forma como os tijolos não o fazem.”

Escrito de forma provocativa, inteligente e complicadamente simples, O Guia me prendeu desde o começo. A introdução foi suficiente para me deixar intrigado e instigado pela mente perturbada que escreveu essa obra prima da nerdice mundial. E com o avanço da obra mais eu me perguntava para onde e por quais situações complicadamente divertidas eu seria levado, ao menos foi isso que aconteceu na primeira vez que li… depois que a gente lê umas 12 ou 13 vezes a obra perde um pouquinho da surpresa, mas continua te ganhando pela profundida filosófica que vai se apresentando com o passar do tempo.

Bom, para você que não seguiu meu aviso no começo, tenho que explicar rapidamente sobre a história do livro. Tudo começa com o fim do mundo. Começamos conhecendo Arthur Dent, terráqueo que vai ter sua casa demolida para a construção de um desvio e que depois teve seu planeta (no caso o nosso planeta) demolido para a construção de um desvio espacial. A partir daí pegamos carona com Arthur e seu amigo Ford Prefect (que na verdade era um alien de um planetinha próximo a Betelguese que estava na Terra fazendo pesquisa para a nova edição do Guia do Mochileiro das Galáxias) em naves espaciais e planetas de construtores de planetas.

“Ford fez sinal para o Sr. Prosser, que se sentou na lama, triste e desajeitado. Tinha a impressão de que toda a sua vida era uma espécie de sonho, e às vezes se perguntava de quem era aquele sonho, e se o dono do sonho estaria se divertindo.” 

Os personagens principais desse primeiro volume são cinco, Arthur e Ford, Trillian (outra terráquea que pegou carona com outro disco voador), Zaphod (Presidente da galáxia que acabou de roubar uma nave movida à improbabilidade) e o que mais gosto dentre os cinco, Marvin, o androide maníaco depressivo (todos, sem exceção, são únicos, mas o Marvin é demais). Contudo, tenho que dizer que o livro é cheio de personagens secundários tão bons quanto os principais. Nesse primeiro volume gosto especialmente de Vroomfondel e Majikthise (membros do Sindicato Reunido de Filófosos, Sábios, Luminares e Outras Pessoas Pensantes), de Slartibartfast (projetista de fiordes de Magrathea) e dos policiais “sensíveis” de  Kappa de Blagulon.

Mas sem dúvida, o melhor personagem de todos é o próprio Guia, onipresente durante toda a série, ele tem seu peso maior como fonte de informações nenhum pouco comprovadas mas extremamente necessárias (ou não) nesse primeiro volume.

“”Hoje deve ser quinta-feira”, pensou Arthur, debruçando-se sobre o chope.”Nunca consegui entender qual é a das quintas-feiras”.”

O livro é bem escrito e de fácil leitura, possui ironia, loucura, nonsense, criticismo e filosofia nos limites certos. Talvez para alguns mais “sensíveis” o ateísmo/ceticismo do autor possa incomodar, mas particularmente, eu achei que isso só deu mais qualidade à obra e fez com que questões universais (ou não) se tornassem ainda mais interessantes.

Enfim, sem me prolongar mais e sem ficar dando spoilers da história, pegue sua toalha e venha descobrir o significado de 42!

Minha nota para essa obra fantástica e obrigatória é 42 toalhas de viajantes espaciais!

Leonardo Agrelos
Se acha um host, mas não sabe houstear. Se acha um podcaster, mas tem a linguá presa. Se acha um nerd, mas nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis. Se acha um escritor, mas sempre procura no Google como se escreve impeachment. Entre tantos achismos uma certeza, a de que tem que melhorar como pessoa para parecer menos com um babaca.
http://pupilasembrasas.com.br
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