Fiquei numa dúvida cruel sobre qual seria a segunda Graphic Novel da coleção Marvel sobre a qual eu escreveria. A última edição que saiu aqui em SP (lembrando que os lançamentos são regionalizados, sendo SP, RJ e PB uma faixa e lançamento e demais regiões do Brasil a outra faixa) foi Marvel Zombies. De cara fiquei meio decepcionado e pensei, que droga, história de mundo paralelo, e de zumbis no universo Marvel. Não é bem o que eu mais gosto nas histórias em quadrinhos. Mas ver com mais atenção a capa, me deparei com um fato que me chamou atenção na hora e me animou absurdamente, o roterista. Nada menos que Robert Kirkman. Se o nome não tocou nenhum sino pra você, deixa eu deixar aqui a maior obra do cara: The Walking Dead. Isso mesmo, o autor de The Walking Dead criando uma história de zumbis no universo Marvel. Ai eu botei fé, fã da HQ de TWD que sou.

A história é situada em um dos muitos universos paralelos da Marvel, um em que uma doença zumbificante se alastrou pelo mundo e basicamente só restaram os “supers”, que ao invés de buscar uma cura ou proteger os civis, passaram a caçar e devorar as pessoas normais até que só sobram no mundo os ex-heróis e vilões, entre alguns sobreviventes que formam uma resistência.

Antes de ler a história nunca pensei em considerá-la para uma crítica aqui na sessão, pois como disse na introdução, não farei de todas, só das mais clássicas e mais relevantes. Porém a trama me despertou algumas reflexões e paralelos interessantes que gostaria de trazer para discussão. Vamos lá. A doença zumbificante além de apodrecer o indivíduo, o faz querer loucamente consumir carne humana. Enquanto o zumbi não se alimenta, ele não consegue pensar claramente, só segue sua “fome” ensadecida por carne fresca, não importando quem seja o dono da carne. Após se alimentar, consegue pensar com clareza novamente, quase da mesma forma que antes da infecção. Sim, nesse mundo os zumbis são inteligentes.

O que me levou aos paralelos foi justamente essa construção de cenário. Nos momentos de clareza os zumbis tinham reações diversas. Uns sentiam-se extremamente culpados por ter devorado entes queridos, outros enojados consigo mesmos, outros racionalizam e justificam seus atos, enquanto outros não querem pensar mais a fundo na questão.

O paralelo que enxerguei foi com certos hábitos nocivos que possamos cultivar e/ou acariciar. Muitas vezes se tornam vícios que nos deixa tão cego na hora da vontade de praticar que não conseguimos pensar com clareza sobre as consequências. Mas após o ato tomamos as mesmas atitudes dos zumbis Marvel.

A diferença é que na história não é possível deixar de ser zumbi, mas nós não somos zumbis. Temos algo chamado escolha, que pode mudar nosso destino e direção. Não somos escravos das vontades e desejos. Somos seres pensantes!

Enfim, hoje eu recomendo o leitor a duas coisas, leia Marvel Zombies (se tiver estômago para tal) e pense nas escolhas que você tem feito.