Cinegoga#3 – O Leão, a Feiticeira e o Guarda-roupas: testemunha confiável

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O livro “O Leão, a Feiticeira e o guarda-roupas”, de C. S. Lewis, conta a história de 4 irmãos que vão morar com o tio em um casarão durante um período de guerra na Inglaterra. Em determinado momento, brincando de esconde-esconde, Lúcia, a caçula do grupo se esconde em um guarda-roupas, mas acidentalmente é transportada para um mundo mágico chamado Nárnia, cheio de neve, animais falantes e criaturas mágicas. Após tomar chá e conversar com um fauno, ela retorna à passagem secreta e se vê de volta no guarda-roupas. Sua empolgação desaparece, porém, quando ela conta para seus irmãos e nenhum deles acredita nela. E afinal quem pode culpá-los? É uma história e tanto. Mas a coisa piora ainda mais quando Edmundo, o irmão do meio, descobre a passagem para a terra de Nárnia, e ainda assim, diz aos irmãos que Lúcia está mentindo.

Os mais velhos, Pedro e Suzana, resolvem buscar a experiência do tio, explicando a preocupação, pois Lúcia nunca havia feito isso. Acreditam que, ou ela virou uma mentirosa ou enlouqueceu. Só que a resposta do tio surpreende as crianças. Ele pergunta quem é mais confiável, Edmundo ou Lúcia? Eles concordam que sem dúvida é Lúcia, mas não acreditam que ela está mentindo, apenas ficou doida. O tio nega a hipótese, pois loucura é uma condição geral, e a sobrinha nunca apresentou tais sinais. E lembra a eles que existe uma terceira possibilidade. 1 – Ela não deve estar mentindo, pois a experiência contradiz essa opção. 2 – Não há boas razões para crer que ela está louca. 3 – Logo, ela deve estar falando a verdade. E aí? A que conclusão você chegaria?

É importante lembrar que em algum momento de nossas vidas, todos nós nos vemos na pele de Pedro e Suzana. Já ouvimos testemunhos dos mais variados, desde vidas alienígenas a experiências místicas e religiosas. Mas e aí? A razão exige que sejamos sempre céticos? Precisamos destacar que os dois estão em uma posição difícil. As evidências que os fazem duvidar e as que os fazem acreditar na irmã, são diferentes. Não são opostas para se comparar.

Contra Lúcia, pesa grande parte do que os dois conhecem da realidade. A experiência diz que não existem mundos mágicos. Mas pesa também o fato de que a irmã nunca mentiu antes. Se fosse qualquer outro, eles já teriam descartado a história. A contra-evidência neste caso, é o caráter do mensageiro. Fora a história absurda, eles não tem razão pra duvidar dela.

Se você acompanhou o raciocínio até aqui, existe uma lição muito importante a ser extraída dessa história. Ao se confrontar com um testemunho que você esteja tentado a desacreditar, e até mesmo diante daquilo que consumimos na cultura em geral, faça a si mesmo as seguintes perguntas: 1 – Como esse testemunho ou história se encaixa no meu sistema geral de crenças fundamentais? 2 – Até que ponto a testemunha ou veículo é confiável, tanto no geral quanto nesse tema em específico? Você não terá respostas nem únicas nem definitivas, mas terá uma grande ferramenta para te ajudar na decisão.

Cinegoga

Leonardo Agrelos
Se acha um host, mas não sabe houstear. Se acha um podcaster, mas tem a linguá presa. Se acha um nerd, mas nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis. Se acha um escritor, mas sempre procura no Google como se escreve impeachment. Entre tantos achismos uma certeza, a de que tem que melhorar como pessoa para parecer menos com um babaca.
http://pupilasembrasas.com.br
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