Saudações Lendárias!

Algumas das partes favoritas dos fãs do Cavaleiro das Trevas são com certeza as que tem relação à Ra’s Al Ghul. O vilão criado na década de 70 pelos lendários Dennis O’Neil e Neal Adams trouxe um novo enfoque à galeria de vilões do Morcego, parte da revitalização promovida por esses dois gênios da arte sequencial. As aventuras até então recheadas de galhofa e vilões com planos rocambolescos começariam a ter um tom mais sério e sombrio. É quando entra em cena o então terrorista internacional que vê na humanidade o maior dos males do planeta terra, e tem como mais plano a extinção da maior parte da raça humana, para que o planeta pudesse começar novamente. Até então não se sabia muito sobre a origem e toda a lenda por trás do vilão, mas já tínhamos elementos como a organização O Demônio (também conhecida como a Liga dos Assassinos ou Liga das Sombras), da qual ele é o cabeça (daí sai o nome Ra’s Al Ghul: Cabeça do Demônio), sua longevidade vinda do mítico poço de lázaro e também sua filha, Talia Al Ghul, a filha do Demônio, e um dos maiores amores de Bruce Wayne.

Dentro desse contexto é que recebemos o arco lançados em duas partes da coleção Eaglemoss como O Nascimento do Demônio, que reúne as histórias: O Filho do Demônio, A Noiva do Demônio e O Nascimento do Demônio, que também ficou conhecida como a trilogia do Demônio. Resumidamente temos em Filho do Demônio uma história em que vemos o Cavaleiro das Trevas aliado à corporação de Al GHul, lutando lado à lado de Ra’s e Talia para vencer um inimigo em comum. Nesse arco Ra’s considera o Batman como seu próprio filho e também temos um romance e espécie de casamento entre Bruce e Talia. Pelo fim da história temos a revelação de que Talia estaria grávida, porém no desfecho ela diz a Bruce que teria perdido o bebê. Dessa forma eles tomam caminhos separados. O que ocorre na verdade é que Talia mentiu, e entendemos que o bebê nascido é dado para adoção. Esse bebê no futuro volta para ser criado por Talia e a Liga das Sombras, se tornando Damien Wayne, herdeiro de Ra’s Al Ghul, porém acaba preferindo ficar com o pai e se torna um dos Robins.

Em a Noiva do Demônio, com certeza a história mais fraca das três, Ra’s rapta uma atriz de cinema descontente com o envelhecimento e lhe dá sua juventude de volta graças ao Poço de Lázaro, a toma como esposa, esperando gerar um herdeiro para seu legado. Seus planos são frustrados pelo Batman e por Talia Al Ghul. Já em O Nascimento do Demônio temos a origem do vilão sendo contada. Essa origem remonta ao tempo das Cruzadas, é cheia de reviravoltas e mostra como Al Ghul era antes de se tornar um vilão. Na história vemos como ele é vítima de uma série terrível de abusos e injustiças pelo Sultão e seu filho, a descoberta do Poço de Lázaro através de pesquisas e gradualmente como a vingança e o ódio vai o consumindo e transformando. Destaque para a arte desse arco, bem característica, menos convencional. Ao final do encadernado temos também uma luta fantástica entre Ra’s e o Batman, da qual o herói só sai inteiro graças ao Poço de Lázaro.

|Principalmente em O Nascimento do Demônio, quando vemos a origem de Ra’s é inevitável a reflexão sobre as motivações do vilão, bem como se ele não tem alguma razão.

Claro que ele tem uma visão louca de como purificar a terra e limpar a humanidade, mas de certa forma Ra’s tem razão. O ser humano em sua natureza pecaminosa é culpada de diversos crimes contra o planeta e contra a própria humanidade. Somos terrivelmente capazes das mais diversas atrocidades. Porém sabemos, assim como o Batman, que nenhum ser humano, por mais que se ache no direito, poderia tomar para si a obra de consertar a humanidade e dar fim aos males do planeta terra. Essa função, como bem sabemos, é uma prerrogativa única e exclusivamente divina.

Até a próxima lenda!