Quando você dá play em um filme só para passar o tempo, aí percebe que está sendo surpreendido já no inicio.

Foi assim que aconteceu comigo e o filme do diretor Marcos Jorge. Achei que seria mais um daqueles de sempre, mas as boas atuações, o roteiro bem montado e o clima tenso do filme foram os responsáveis por me dar outra visão da obra.

O filme narra a saga de Nenê (Lázaro Ramos), um ex-policial que ainda está no jogo da corrupção, em sua busca por vingança após a morte de seu cachorro, Nero, pelo Departamento de Controle de Zoonoses, ao mesmo tempo em que narra a tragédia de Santana (Badu Santana), um pai de família comum da periferia de São Paulo, funcionário do Departamento de Controle de Zoonoses, tentando proteger sua família de um “maluco” vingativo.

Adriana Esteves (Dilza, esposa de Santana) rouba a cena em seus momentos dramáticos, também mostrando uma boa sincronia com Thainá Duarte (Isaura, sua filha). Lázaro Ramos perde muitas vezes o ponto por tentar ser galã, mesmo fazendo papel de vilão, mas contracena muito bem com os cachorros e com Milhem Cortaz (seu capanga Cebola). Santana não é mesmo o ponto alto do filme, com exceção na cena que contracena com Lázaro Ramos após seu cachorro ter morrido.

O filme não é perfeito, confesso que algumas vezes previsível, mas consegue segurar a tensão e o interesse do espectador, ou isso foi graças a minha baixa expectativa. Marcos Jorge parece retornar a um nível razoável, já que desde Estômago – 2007 não havia agradado a crítica.