Verdades e Mentiras sobre o filme Êxodo: Deuses e Reis.

Para que fazer um filme sobre um relato se no fim das contas você vai ignorar totalmente esse relato? É exatamente isso que acontece em Êxodo: Deuses e Reis.exodus-critica-10

Nesse post vamos analisar somente as incoerências teológicas. A parte técnica do filme eu deixei para um outro post (clique aqui para ler a crítica do filme).

A primeira coisa que precisamos saber é que Hollywood não está interessada em fazer um filme bíblico, ela se interessa em ganhar dinheiro. O fato de ter uma temática bíblica não quer dizer que o filme será um épico/bíblico, como foi Os Dez Mandamentos. Hollywood quer o seu e o meu dinheiro. Esperar qualquer coisa além disso será o caminho da decepção.

Antes de você, ironicamente, querer crucificar o diretor de Gladiator, precisa tentar entender a história por trás do filme. A primeira coisa que devemos considerar é que o filme foi dedicado ao irmão do diretor, Tony Scott, que em 2012 cometeu suicídio. A história de Moisés era a história preferida de Tony, que também era cineasta. Tendo em vista isso, vamos aos pontos de controvérsia.

No primeiro ato do filme vemos um Moisés totalmente perdido em relação a sua origem. Em Êxodo, capítulo 2, vemos sua irmã, Mirian, intercedendo junto a filha do faraó para que a esta o adotasse. A filha do faraó aceita e pede para que a uma hebreia, coincidentemente a verdadeira mãe de Moisés, o criasse até a adolescência e depois o devolvesse. Apesar de parecer apenas um detalhe, esse detalhe justificará toda a relação que Moisés terá com Deus.512080.jpg-r_640_600-b_1_D6D6D6-f_jpg-q_x-xxyxx

No filme, Moisés mata dois egípcios que o viram saindo de uma reunião com os hebreus. Essa justificativa, nem se analisarmos cinematograficamente, funciona. A motivação é fraca e não se sustenta durante o filme. Na bíblia, Moisés mata um egípcio após ver um escravo ser açoitado sem motivo aparente. Mesmo errado, a consequência desse ato faz com que Moisés cresça como homem.

O primeiro encontro de Moisés com Deus representou uma quebra de paradigma, o que, de início, foi bom. Deus sendo representado por uma criança me pareceu uma boa, mas já na segunda cena eu percebo o quanto eu havia me enganado. A representação de Deus através de uma criança foi a justificativa para mostrar um deus com uma personalidade semelhantemente infantil. Deus é representado de maneira mimada, vingativa, rancorosa, autoritária e sádica. (Jeremias 9:23-24, Salmos 145:18, Efésios 2:4-5, Romanos 9:15, Romanos 5:17)

As dez pragas que caíram uma a uma no Egito é representada como um evento cataclísmico. O mesmo acontece com a abertura do Mar Vermelho. As dez pragas tinham um valor simbólico. As pragas estavam relacionadas aos deuses egípcios. Imagine a ironia, rezar para deusa rã tirar suas rãs do Egito. Não fazia sentindo! Era como pedir para Deus não permanecer entre nós, mesmo Ele se manifestando entre nós. Esse conceito também é ignorado.Hw82J

O deus apresentado no filme é um deus preguiçoso. Invés de escrever e dar os dez mandamentos para Moisés, ele manda Moisés escrever os dez mandamentos. Com isso em mente, podemos perceber algumas declarações contraditórias do diretor. Ridley disse que o fato de ser agnóstico o ajudou na concepção do filme.  No entanto, o agnosticismo é a visão de que a razão humana é incapaz de prover fundamentos racionais suficientes para justificar tanto a crença de que Deus existe ou a crença de que Deus não existe. Confuso, não é? Ainda mais se considerarmos que seu irmão também era agnóstico. Então, de que lado os irmãos Scott estariam: dos que acreditam em Deus mesmo sem explicar ou os que não acreditam mesmo ser ter base para não acreditar?

A instabilidade emocional de Ridley Scott, talvez influenciada pelo suicídio do seu irmão, repercutiu em toda a estória de Êxodo: Deuses e Reis, desconsiderando assim toda a essência do relato bíblico.

Para saber mais sobre a história de Moisés, escute o nosso podcast clicando aqui.Moisés - O queridinho de Hollywood

Leonardo Agrelos
Se acha um host, mas não sabe houstear. Se acha um podcaster, mas tem a linguá presa. Se acha um nerd, mas nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis. Se acha um escritor, mas sempre procura no Google como se escreve impeachment. Entre tantos achismos uma certeza, a de que tem que melhorar como pessoa para parecer menos com um babaca.
http://pupilasembrasas.com.br
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