[CINEMA] Warcraft – O Primeiro Encontro de Dois Mundos

O maior desafio das adaptações, mais até do que agradar os fãs, é justamente fazer com que o público que não teve contato com a obra original se interesse pela história. E é justamente a maior falha de Warcraft. Não pela qualidade do filme, mas por deixar a desejar na parte mais importante para o consumidor comum, a história.

Duncan Jones é um respeitável diretor, conseguiu entregar bons filmes (Lunar e Contra o Tempo), mas com um orçamento muito maior pode fazer algo épico, porém pouco marcante. Sua habilidade em desenvolver diálogos envolventes e interessantes como vimos em Contra o Tempo não é bem executado aqui. Duncan é fã da série e foi sem dúvida a melhor escolha da Blizzard para chefiar seu universo cinematográfico. O zelo e cuidado com a obra original estão lá. Os fãs recebem vários easter eggs e são agraciados em várias cenas dignas de um quadro.

A história é simples. Foi desenvolvida para divertir. Cumpre seu papel. Mas se tratando de uma futura franquia, seus personagens são facilmente esquecíveis. Isso inclui até os principais da trama. Travis Fimmel (Ragnar da série Vikings) debuta nesse blockbuster, mas, apesar de ter carisma, seu personagem não tem um bom trato nos diálogos e pouco alcance dramático.

No aspecto técnico temos a ótima ILM dando show. A cena inicial do casal de Orcs, apesar de ser um clichê sentimentaloide, é fascinante pela movimentação e olhares entre os Orcs. Esquecemos todo o resto quando eles estão em tela. Suas expressões dramáticas são lindas de se vê, até o olhar, algo muito criticado e difícil de fazer por computação gráfica, são incríveis. Tudo é belo e impressionante, até os adereços usados. Talvez você estranhe as magias que são coloridas demais, porém você percebe ao longo da exibição que foi mais uma escolha visual do que propriamente uma falha de designer e se acostuma, apesar do clichê dos olhos brilhando na hora da magia.

Por fim, o pior defeito do filme é a construção dos personagens. Muitos arquétipos, diálogos rasos e pouco tempo de desenvolvimento dramático. Em meio a tantas virtudes, exatamente onde não deveria ele fraqueja. Existe filmes de fantasia que são muito genéricos e logo caem no esquecimento. Mais do que um universo bem desenvolvido o que torna um filme memorável ainda são os personagens.

Leonardo Agrelos
Se acha um host, mas não sabe houstear. Se acha um podcaster, mas tem a linguá presa. Se acha um nerd, mas nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis. Se acha um escritor, mas sempre procura no Google como se escreve impeachment. Entre tantos achismos uma certeza, a de que tem que melhorar como pessoa para parecer menos com um babaca.
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