Grandes Lendas – Capitão América: O Novo Pacto

Saudações patrióticas, marvetes de plantão!

Captain-America-1-June-2002Em uma semana marcada por um lamentável ataque terrorista em Paris, motivado por fanatismo religioso, pareceu até de certa forma uma coincidência que o volume da coleção Marvel a ser lançado fosse Capitão América: O Novo Pacto. Digo isso pois a história é basicamente uma trama do bandeiroso imediatamente posterior aos ataques de 11 de setembro de 2001. Sua reação, seus sentimentos, suas atitudes em relação ao ocorrido são utilizados com maestria por John Ney Rieber que roteiriza a história, que é lindamente ilustrada por John Cassaday, com aquela arte de estilo cinematográfico característico dos quadrinhos do inicio dos anos 2000.

Interessante notar que nessa época, mais ou menos começando com esse arco, o Capitão começou a ser trabalhado de forma a perder gradualmente o caráter ufanista e extremamente americanóide, com o qual era taxado. O que vemos aqui é um herói patriota sim, porém questionando tudo e todos. Lamentando pelos inocentes afetados pelas guerras dos poderosos e dos extremistas.

A história abre simplesmente com Steve Rogers no marco zero ajudando os bombeiros, policiais e voluntários a salvar vidas nos escombros das torres caídas. A partir daí vemos o herói sendo envolvido em uma batalha dessa guerra ao terror. Mas esta se desenrola levando-o a questionar seu próprio país e seu governo. E aqui nós podemos ter um vislumbre do que o Capitão América acaba se tornando em Guerra Civil, um herói do povo. A história é cheia de momentos de reflexão e algumas frases de efeito, pode beirar o cliché mas, na minha opinião, não entra nesse campo pois consegue manter a relevância e prender o leitor ao enredo.

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O lado triste da reflexão que eu fiz com esse volume é assumir que após quase quinze anos dessa história e dos ataques em Nova York ainda encaramos o problema do extremismo e intolerância no mundo religioso. Pessoas são assassinadas em nome de uma causa religiosa, sendo que as religiões, como Islamismo, Judaísmo e Cristianismo, interpretados no seu contexto correto, não pregam em nenhum momento a violência aos outros, muito menos a inocentes, pelo simples fato de não partilharem na mesma fé. Olhando pocaptainamericanewdeal6r um outro prisma também, mesmo sendo algo lamentável, terrível e injustificável, o humor muitas vezes tem se mostrado em formas desrespeitosas e ofensivas, se escondendo atrás do escudo da liberdade de expressão e crítica. Porém é obvio que se alguém se sente ofendido com qualquer tipo de manifestação cultural, deve protestar de forma pacífica ou até nos tribunais, dentro da lei, e não com violência.

Captain-America-4-Sept-2002Mas o mais triste é perceber que, em uma proporção menor, nós também praticamos a intolerância religiosa, cultural, esportiva, política e etc… Se alguém pensa diferente está automaticamente errado. Eu me incluo nessa, tento me policiar para deixar as ideias pré-concebidas em cheque. E se você que está lendo é parte de uma denominação religiosa, entenda que é importante falar e pregar sobre sua fé, mas entenda também que aceitar ou não, cabe somente ao seu interlocutor, não sendo você quem definirá as ações do outro. Fale com amor, pregue com fervor e eloquência. E ore, deixando o demais nas mãos do seu Senhor.

Me despeço com as palavras de Steve Rogers:

“Temos que ser fortes, como nunca antes, ou eles terão vencido.”

Até a próxima Lenda!    

Adriano Toledo
Detentor do título de o mais nerd deste site... (Não tão) Profundo conhecedor de Quadrinhos, Games, Cinema, Literatura Fantástica e outras loucuras....
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