Cinegoga#10 – Os Simpsons: o equilíbrio da virtude

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Amados por muitos, censurados por muitos outros, Simpsons sem dúvida é um desenho que causa polêmica. Seu jeito irreverente de criticar absolutamente tudo, de política à economia e religião, causa o riso de uns e a indignação de outros. Criada em 1989, a série de animação que já exibe em 2014 sua vigésima quinta temporada, é protagonizada pela família Simpson, uma clara sátira da família americana de classe média. Os personagens foram curiosamente desenvolvidos enquanto Matt Groening, criador da série, esperava para falar com o produtor de um programa de TV que queria curtas animados para seu próprio programa. Os personagens caíram na graça do público e se tornaram a série animada de maior tempo no ar, premiada com dezenas de títulos.

Os roteiros geralmente englobam o cotidiano de Homer Simpson, sua família e os diversos personagens que foram sendo incorporados ao longo da série. Homer é um pai que dá péssimos exemplos aos filhos, é preguiçoso tanto em casa quanto no trabalho, e quase sempre está ébrio, seja em casa, seja no bar com os amigos. É um grande hedonista que vive apenas para curtir a vida, sem se importar com as consequências.

Curiosamente, ao seu lado, o vizinho Ned Flanders faz uma espécie de contraponto à personalidade de Homer. Sendo o mais cristão da cidade de Springfield, Ned é uma caricatura de religioso, sendo mais zeloso que o próprio reverendo da igreja da comunidade. Totalmente diferente de Homer, Ned acredita que não pode ter nenhum prazer na vida. Como cristão, ele precisa se privar de tudo, inclusive rir de uma piada. Ele é adepto da grande máxima bíblica, “se tua mão te faz pecar, arranque-a fora”. Em vários episódios ele reprime seus sentimentos de indignação e raiva enquanto Homer constantemente o aborrece.

Acho que o desequilíbrio aqui fica muito claro, não é mesmo? Homer é um fanfarrão que só quer curtir e aproveitar a vida, sem consequências eternas. Já Ned, é alguém que só pensa no futuro, no céu, e logicamente, acaba perdendo a relevância no agora e tendo uma vida de negações que além de tirar o prazer da vida, podem lhe causar uma séria úlcera. Mas onde está o equilíbrio então?

Como cristãos que acreditam num futuro no céu, não devemos ignorar a vida aqui na terra. Pelo contrário, devemos vivê-la da melhor forma possível. Ter uma perspectiva celeste sem uma responsabilidade histórica, ou seja, sem relevância na sociedade, é um problema tão grande quanto uma vida sem sentido. Precisamos fazer diferença na vida de quem nos cerca. Viver inconsequentemente como Homer, é prejudicial não só a si mesmo, como aos outros, mas viver sem contribuir para a sua própria vida e a dos que você convive, não leva a nada.

Outro aspecto muito importante a ser ressaltado, é que podemos e devemos aproveitar a vida. Claro que não da forma destrutiva que Homer demonstra muito bem, mas se privar de tudo também não é a resposta. Afinal de contas, qual é então o equilíbrio para viver uma boa vida? Encerro o comentário de hoje com o seguinte pensamento de C. S. Lewis:

“A felicidade e a segurança definitivas que todos desejamos, Deus as retém de nós pela própria natureza do mundo: mas a alegria, o prazer e o riso Ele os espalhou por toda a parte. … Alguns momentos de amor correspondido, uma paisagem, uma sinfonia, uma divertida reunião com nossos amigos, um banho ou jogo de futebol. … Nosso Pai nos revigora ao longo da jornada com algumas aprazíveis hospedarias, mas não nos estimula a confundi-las com o Lar.”

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Leonardo Agrelos
Se acha um host, mas não sabe houstear. Se acha um podcaster, mas tem a linguá presa. Se acha um nerd, mas nunca terminou de ler O Senhor dos Anéis. Se acha um escritor, mas sempre procura no Google como se escreve impeachment. Entre tantos achismos uma certeza, a de que tem que melhorar como pessoa para parecer menos com um babaca.
http://pupilasembrasas.com.br
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